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terça-feira, 10 de maio de 2011

As 10 transnacionais secretas que controlam as matérias primas

Como é possível que no século 21 ainda existam empresas "secretas" e/ou piratas, que se dão ao luxo de não ter ações nas bolsas de valores, mas que gozam de todas as vantagens do "livre mercado", incluindo operações suspeitas em paraísos fiscais. Pode manter-se "secreta" a atividade dessas dez transnacionais "gigantes" que controlam os alimentos e a energia, usados como "armas de destruição maciça" contra a maioria do gênero humano? O jornal The Daily Telegraph revelou a identidade oculta das principais 10 transacionadoras globais de petróleo e matérias primas. O artigo é de Alfredo Jalife-Rahme.

Alfredo Jalife-Rahme - La Jornada
Antecedentes: Zheng Fengtian, professor da Escola de Economia Agrária da Universidade Renmin, na China (Global Times, 13/4/11), fustiga "o monopólio dos cereais que o Ocidente exerce" e a "manipulação deliberada dos preços pelos especuladores internacionais" graças à desregulação de que gozam em Wall Street e na City, assim como nos paraísos fiscais (nomeadamente a Suíça): "não podemos depender apenas dos Estados Unidos (EUA) para resolver a crise alimentar global" nem das "quatro (sic) gigantes (sic) transnacionais".

Não especifica quais, mas os leitores podem consultar os meus artigos sobre o "cartel anglo-saxão da guerra alimentar" e o seu "meganegócio" (Radar Geopolítico; Contralínea, 30/1/11). Fengtian adota a velha tese de Bajo la Lupa sobre a "guerra alimentar" que trava Washington para submeter o mundo: "no passado (sic), os EUA aproveitaram as vantagens do seu papel dominante no mercado global de alimentos para adotá-los como arma (¡supersic!) política".

Atos: O mundo anglo-saxão cacareja vaziamente sobre a transparência e a prestação de contas, enquanto oculta simultaneamente as suas "10 gigantes (sic) transnacionais secretas (¡supersic!)" que "controlam a comercialização dos hidrocarbonetos e das matérias primas", segundo The Daily Telegraph (15/4/11). Como se não bastassem as depredadoras transnacionais (BP, Tepco, Schlumberger/Transocean, etc.) que estabelecem suas cotações desapiedadamente na bolsa!

Para além dos tenebrosos grupos da plutocracia – como o grupo texano Carlyle (ligado ao nepotismo dos Bush) e o inimputável Blackstone Group (controlado por Peter G. Petersen e Stephen A. Schwarzman, cujas façanhas remontam ao macabro recebimento dos seguros das Torres Gémeas do 11/9) – The Daily Telegraph revela a identidade oculta das "principais 10 transacionadoras globais de petróleo e matérias primas":

1. Vitol Group: sede em Genebra e Roterdan, com resultados de 195 mil milhões de dólares na comercialização de hidrocarbonetos; a primeira petrolífera a exportar com pontualidade da região controlada pelos rebeldes na Líbia.

2. Glencore Intl.: sede em Baar (Suíça), com resultados por 145 bilhões de dólares em metais, minerais, produtos agrícolas e de energia; fundada pelo israelo-belga-espanhol Marc Rich; acusada pela CIA (¡supersic!) de subornar governantes; controla 34 por cento da mineira global suíço-britânica Xstrata; apostou na subida do trigo durante a seca russa (The Financial Times, 24/4/11); o banqueiro Nat Rothschild "recomendou" o seu polêmico novo director Simon Murray (The Daily Telegraph, 23/4/11); destaca a circularidade financeira do binômio Rotshchild-Rich.

3. Cargill: sede em Minneapolis, Minnesota, com resultados por 108 bilhões de dólares em agronegócios, carnes, biocombustíveis, aço e sal; severamente criticada pela desflorestação, contaminação de todo o gênero (incluindo a alimentar) e abusos contra os direitos humanos.

4. Koch Industries: sede em Wichita, Kansas, com resultados por 100 bilhões de dólares em refinação e transporte de petróleo, petroquímicos, papel, etc.; empresa familiar (a segunda mais importante nos EUA depois da Cargill) manejada pelos irmãos ultraconservadores David e Charles Koch, que financiam o Tea Party.

5. Trafigura: sede em Genebra, com resultados por 79,200 bilhões de dólares em petróleo cru, comercialização de metais; depredadora tóxica em África; provém da separação de várias empresas do israelo-belga-espanhol Marc Rich.

6. Gunvor Intl.: sede em Amsterdã e Genebra, com resultados por 65 bilhões de dólares em petróleo, eletricidade e carvão.

7. Archer Daniels Midland Co.: sede em Decatur, Illinois, com resultados por 62 bilhões de dólares em milho, trigo, cacau; listada na Bolsa de Nova Iorque; atuação escandalosa e processada por contaminação reiterada; beneficiou com os subsídios agrícolas do governo dos EUA.

8. Noble Group: sede em Hong Kong, com resultados por 56 700 bilhões de dólares em açúcar brasileiro e carvão australiano; sólidos laços com a HSBC e a polêmica empresa contabilística Pricewaterhouse Coopers; cotada no Índice Strait Times (Singapura).

9. Mercuria Energy Group: sede em Genebra, com resultados de 46 bilhões de dólares em petróleo e gás.

10. Bunge: sede em White Plains, Nova Iorque, com resultados de 45,7 bilhões de dólares em cereais, soja, açúcar, etanol e fertilizantes; multada nos EUA por emissões contaminantes.

The Daily Telegraph adiciona surpreendentemente como "menção especial" a Phibro, hoje subsidiária da Occidental Petroleum Corporation (Oxy): sede em Westport (Connecticut), com 10 por cento dos resultados do banco Citigroup em 2007 em petróleo, gás, metais e cereais, onde iniciou a sua "aprendizagem" o israelo-belga-espanhol Marc Rich.

Das 11 transnacionais piratas, cinco pertencem aos EUA, três à Suíça (notável paraíso fiscal bancário), duas são suíço-holandesas e uma é de Hong Kong (ligada à Grã-Bretanha). Se as 11 fossem cotadas na bolsa colocar-se-iam da posição sete até à 156 na classificação da Fortune Global 500. Sem penetrar na genealogia dos seus testa-de-ferro e verdadeiros donos, destaca-se a nefasta sombra do israelo-belga-espanhol Marc Rich em três empresas piratas: Glencore Intl., Trafigura e Phibro.

O israelo-belga-espanhol Marc Rich merece uma menção honrosa e com uma biografia mafiosa revela quiçá uma das razões do hermetismo das "gigantes" transnacionais que não estão cotadas nas bolsas e que movimentam nocivamente verdadeiras fortunas sem o menor escrutínio governamental ou cidadão. Será mera causalidade que Rich apareça em três das "secretas" 11 empresas "gigantes" que especulam na penumbra com os preços dos alimentos, hidrocarbonetos e metais?

Marc Rich, perseguido por evasão fiscal nos EUA (logo perdoado, polemicamente, por Clinton), foi denunciado como "espião da Mossad israelense" (Niles Latham, New York Post, 5/2/01) e "lavador de dinheiro" das mafias (The Washington Times, 21/6/02).

O investigador William Engdahl expôs há 15 anos "a rede financeira secreta (¡supersic!)" por trás dos banqueiros escravagistas Rothschild, o megaespeculador "filantropo" George Soros e Marc Rich. Cada vez se afirma mais o papel determinante de Israel na lavagem de dinheiro global (ver Bajo la Lupa, 20/4/11).

Conclusão: Como pode uma transnacional "gigante" passar sem ser detectada na época da antiterrorista "segurança interna"? Será possível que no século 21 ainda existam empresas "secretas" e/ou piratas, que se dão ao luxo de não se cotar nas bolsas, mas que gozam de todas as vantagens do "livre mercado", incluindo operações suspeitas em paraísos fiscais.

São "gigantes secretos" e/ou "clandestinos" tolerados pelo sistema anglo-saxão e seus mafiosos paraísos fiscais? Pode manter-se "secreta" a atividade dessas transnacionais "gigantes" que controlam os alimentos e a energia, usados como "armas de destruição maciça" contra a maioria do gênero humano?

(*) Tradução de Paula Sequeiros para o Esquerda.net


Fotos: A Koch é empresa familiar (a segunda mais importante nos EUA depois da Cargill) manejada pelos irmãos ultraconservadores David e Charles Koch, que financiam o Tea Party.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Uma era pós-Osama Bin Laden? O que a esquerda tem a dizer?

Como atenta Susan Willis, logo após o 11 de setembro, quando a nação estadunidense ainda se recuperava dos ataques ao World Trade Center e ao Pentágono, os meios de comunicação, aparentemente insatisfeitos com a catástrofe ocorrida, espalharam o medo de que terroristas, tendo fechado o tráfego aéreo e a Bolsa de Valores, iriam continuar sua empreitada usando armas químicas e biológicas. Os temores se concretizaram com as correspondências com antraz, cinco verdadeiras e outras milhares fraudentas. A histeria se espalhou pelo país desde as áreas afastadas da zona rural até as grandes metrópoles – lugares que, até então, eram considerados de baixo risco como alvos terroristas em potencial. Agências de correio das faculdades mandaram para quarentena pacotes de biscoitos caseiros que recebiam; milhares de correspondências foram lacradas e armazenadas para testes futuros; diversos vôos comerciais foram redirecionados e forçados a pousar quando qualquer tipo de pó branco (na maioria das vezes, adoçante) era encontrado nas bandejas. Nas suas palavras, "substâncias triviais da vida cotidiana – pó para pudim de baunilha, açúcar, farinha, talco – conseguiram fechar escolas e fábricas, reter correspondências e emperrar o ritmo usual dos negócios. O país entrou em pânico. Os cidadãos tinham medo de receber e, sobretudo, de abrir suas correspondências. Órgãos governamentais, o serviço postal e os centros para controle de doenças demoraram em emitir recomendações preventivas. E quando a recomendação era feita, intensificava a preocupação pública. Ordenaram que procurássemos envelopes suspeitos: cartas sem remetente, combinações estranhas de selos, volumes injustificados, embrulhos inusitados e, sobretudo, o pó branco. Fomos avisados para lacrar a carta suspeita num saco plástico, bem como nossas roupas, e tomarmos banho imediatamente. Acompanhando o aviso, vieram centenas de outros trotes e alarmes falsos. As pessoas começaram a encomendar e estocar Cipro, o antibiótico então recomendado. Algumas pessoas, que nunca haviam sido expostas, começaram a tomar o remédio antecipadamente, apesar da advertência médica de que a droga produziria efeitos colaterais indesejados".
 
A busca pela sensação de segurança é patente no mapa imaginário da pós-11 de setembro. Não é toa que essa histeria se espalhou rapidamente. Somente em Londres, no fim da terceira semana de outubro de 2001, os aliados ingleses já haviam recebido mais de quinhentas ameaças de contaminação por antraz. No meio dessa paranóia é tão estranho que, logo após os ataques de 11 de setembro, a aprovação presidencial de Bush tenha ficado em torno de 90%? E não haveria acontecido algo quase inverso agora com a morte de Osama Bin Laden? Todos estão satisfeitos com o assassinato do líder da Al Qaeda: é uma nova oportunidade para a expansão do "eixo da democracia" contra o terror e as rebeliões populares no mundo árabe. Será mesmo?
 
Com o fim da Guerra Fria o antigo inimigo do Império (os comunistas) desapareceu. Entretanto, o fim da bipolaridade deixou um vácuo do poder preenchido pelos Estados Unidos como a única superpotência mundial. Sua atuação passou neste período da clássica guerra entre Estados para a expansão de bases aéreas e frotas por todos os continentes, com intervenções "humanitárias" para desestabilização social ou para estabilizar a democracia na marra – Bósnia, Yugoslávia, Somália, Honduras, Colômbia, Haiti, Iraque, Afeganistão, entre outros países. Mas como se legitimavam estas intervenções? Afinal, o velho inimigo desapareceu. Foi em 2001, nos ataques do 11 de setembro, que se encontrou um novo Inimigo: era o terrorismo. Emergiu um novo Significante-Mestre que unificou todos os males sociais: o terrorista com a figura de Osama Bin Laden. Seu rosto foi mostrado por todo o mundo como o inimigo principal a ser combatido. Nessa euforia foram iniciadas duas guerras que até hoje ninguém sabe ao certo por que existem. No Afeganistão foram para capturar Bin Laden. Depois ficou claro que o Afeganistão é um ponto militar que dá fácil acesso tanto à Rússia e China como ao Irã e outros países extratores de petróleo no Oriente Médio. Sendo um ponto de localização geopolítica privilegiada, em torno do Sul da Ásia, Ásia Central e o Oriente Médio, o Afeganistão também tem saídas pelo Mar Cáspio que facilitam enormemente os dutos de petróleo rumo ao Oceano Índico onde a empresa estadunidense Unocal tem negócios exclusivos para o gás natural do Turcomenistão pelo Afeganistão e Paquistão. Entretanto, sempre parecia que Osama estava um passo na frente dos Estados Unidos.
 
Agora que Obama declarou a morte de Osama por forças especiais num país independente, e que o jogaram no mar, qual é a razão de continuar em guerra? "O mundo sente alívio", disse Obama. Será mesmo? Parece mais que a gestão norte-americana e a CIA ficaram mais aliviadas. Como escreveu Atílio Borón, "Osama vivo era un peligro. Sabía (¿o sabe?) demasiado, y es razonable suponer que lo último que quería el gobierno estadounidense era llevarlo a juicio y dejarlo hablar. En tal caso se hubiera desatado un escándalo de enormes proporciones al revelar las conexiones con la CIA, los armamentos y el dinero suministrado por la Casa Blanca, las operaciones ilegales montadas por Washington, los oscuros negocios de su familia con el lobby petrolero norteamericano y, muy especialmente, con la familia Bush, entre otras nimiedades. En suma, un testigo al que había que acallar sí o sí, como Muammar Gadafi. El problema es que ya muerto Osama se convierte para los jihadistas islámicos en un mártir de la causa, y el deseo de venganza seguramente impulsará a las muchas células dormidas de Al Qaeda a perpetuar nuevas atrocidades para vengar la muerte de su líder".
 
A morte de Bin Laden reinstalaria a Al Qaeda no centro do cenário das grandes mobilizações do mundo árabe, por mais que até agora estivesse ausente. Seu líder morto brutalmente pelo líder do ocidente instigaria novamente o fundamentalismo islâmico. Como escreve, "probablemente su acción no hizo sino despertar a un monstruo que estaba dormido. El tiempo dirá si esto es así o no, pero sobran las razones para estar muy preocupados".
 
E se este movimento for não para acabar com o terrorismo, mas impulsionar a saturação do imaginário ocidental pela Al-Qaeda? Agora ela volta à cena – no mesmo momento de ascenso de massas em países como Marrocos, Tunísia, Egito, Síria, Líbia, Iraque, Palestina, Irã etc. Como escreveu Santiago Alba Rico na nota "Matar a Bin Laden, ressuscitar a Al-Qaeda": "no sabemos si realmente han matado a Bin laden; lo que está claro es que el esfuerzo por resucitar a toda costa a Al-Qaeda pretende matar los procesos de cambio comenzados hace cuatro meses en el mundo árabe". Assim como os ataques de 11 de setembro acabaram por impulsionar o descenso do movimento "antiglobalização", a morte de Bin Laden não teria o mesmo efeito nas revoltas árabes? Não seria a tentativa de ascender a Al-Qaeda para a disputa pelo poder nestes países?
 
Mas se a Al Qaeda já estivesse morta quando nestes últimos quatro meses surgiram as revoluções de massa no mundo árabe? Para Jáled Harub em "Las revoluciones árabes acaban con la ideología y el discurso de Al Qaeda", o efeito mais importante das revoluções árabes pacíficas sobre a lógica e a ideologia da Al Qaeda consiste em demonstrar a incapacidade do uso do recurso da violência pura para transformações internas nos regimes autoritários. "Los pueblos árabes y musulmanes no necesitan de organizaciones armadas ni violentas generadoras de los más altos niveles de terrorismo para hacer caer a regímenes que no quieren. La palabra clave que han aportado las revoluciones árabes pacíficas al diccionario del cambio político y social es ‘efectividad’. Estas revoluciones que no se han apoyado en ningún tipo de armas ni en ninguna forma, por remota que sea, de violencia armada han sido ‘eficaces’, han logrado todo lo que no habían conseguido el resto de medios de cambio. Los regímenes, confusos ante como responder ante estas revoluciones pacíficas, deseaban que éstas se inclinasen hacia la violencia para poder justificar el uso de sus aparatos sanguinarios de represión [...]. El fracaso de la ‘era de Al Qaeda’ y de sus estrategias violentas consiste en que se basan en la destrucción, el caos y el derramamiento de sangre como único resultado, sin que tenga ningún proyecto que llevar a término. La táctica por excelencia para reclutar miembros y enrolarlos en sus filas eran las armas y el discurso de la ‘yihad’, la creación de un romanticismo falso en torno a las armas, vanagloriándolas y creando cánticos sobre ellas. El manejo de las armas, como usarlas y como perpetrar acciones son su principal misión sin tener un objetivo más amplio o más importante, o una estrategia convincente. Si analizamos el esfuerzo para crear ideas, dar con nuevos métodos vemos que solo se concentran en como colar explosivos o suicidas a bordo de aviones civiles y estrellarlos [...]. La batalla se ha convertido en una caricatura ridícula de un combate de lucha por puntos entre Al Qaeda y los servicios secretos, a expensas de los pueblos de la región, su futuro y sus vidas. La segunda explicación sería la fascinación por la imagen. A pesar de toda la penuria que ha caído sobre los musulmanes como resultado del terrorismo del 11-S, Al Qaeda y sus líderes siguen extasiados por los medios de comunicación y la capacidad dramática".
 
Parece que a morte de Bin Laden é uma manobra. Está se procurando usar a morte de Bin Laden para aumentar as medidas de "segurança nacional" e redividir o mundo entre os lutadores contra o terrorismo e aqueles que o defendem. Procura-se retroceder numa nova polarização do campo político, não mais entre "forças populares contra regimes tirânicos", mas a democracia contra o terrorismo (não é a toa que é a primeira vez que Israel parabeniza os EUA desde o início dos levantes árabes). Como disse David Cameron, a morte de Bin Laden "não significa o fim da ameaça do terror extremista". Mas não era Bin Laden o Inimigo do Ocidente? O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, disse que "esse é um golpe importante e decisivo para o terrorismo global e demonstra, mais uma vez, que os terroristas, mais cedo ou mais tarde, sempre caem" [...] "Na luta global contra o terrorismo só existe um maneira: perseverar, perseverar e resistir", dando uma bela indireta sobre o trabalho da CIA militarizada contra as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
 
Bin Laden havia se tornado uma espécie de sujeito imortal e, de repente, é morto por "elites da segurança nacional" dos Estados Unidos no Paquistão. Mas ele não estava nas montanhas longínquas do Afeganistão? E por que as forças paquistanesas não podiam tê-lo capturado? Existe um nó que parece apontar como uma espécie de CIA altamente militarizada que atua "contra o terrorismo" por todo o mundo. Esta morte parece com a de Michel Jackson: cheia de interrogações e com poucas pessoas habilitadas a dizer os reais interesses em jogo. As perguntas iniciais ainda continuam em suspenso: onde estão as provas, fotos e relatos da missão de assassinato de Bin Laden? Como Bin Laden foi capaz de movimentar seu dinheiro durante este tempo? Qual era sua relação com a Al Qaeda? Como opera a CIA nos países "contra o terrorismo"? Por que esta morte parece tanto fazer parte do teatro da "guerra ao terror" assim como os ataques de 11 de setembro e a acusação de que no Iraque havia "armas de destruição em massa"? Já não aprendemos - um pouco até com o Wikileaks - que o terrorismo é fomentado pelos agentes da CIA?  E agora a esquerda terá força para pôr fim a esta falsa polarização entre democracia e fundamentalismo islâmico, para impor uma nova alternativa social, ou retrocederá o pouco que avançou?
 
Fernando Marcelino é analista internacional e secretário de formação política do PSOL-Curitiba. Contato: fernandomarcelinopereira@gmail.com