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quarta-feira, 27 de abril de 2011

DEMOCRACIA ESFUMAÇADA


Meses após as primeiras manifestações populares no norte da África, o balanço preliminar é decepcionante, se o objetivo almejado for a implementação da democracia. Na realidade, os protestos ocasionaram a oportunidade para aflorar antigas disputas de poder entre grupos políticos naquela região, apoiados sempre por oficiais das forças armadas.
 
Da faixa norte-atlântica, acompanha-se com atenção o desdobramento das movimentações, mas a preocupação centra-se em outros pontos: estabilidade política, manutenção da produção e do fornecimento de petróleo e de gás, controle da circulação da população local - a União Européia, em especial, Itália, França e Alemanha, não deseja mais receber imigrantes em grandes quantidades, ainda mais sob a rubrica de refugiados.
 
Há um último ponto importante para as grandes potências, de menor importância nos dias atuais diante da intensidade da crise: a segurança dos fluxos turísticos de lá, notadamente no Egito, ao incluir a presença de milhões de pessoas de todos os continentes, por conta da tradição religiosa, baseada no Antigo Testamento, e por causa da curiosidade relativa à egiptologia, materializada de modo popular nas pirâmides.
 
Diferentemente do período da Guerra Fria, a classe média ocidental não deseja mais arcar, sob aumento de impostos, com custos externos a seu cotidiano, isto é, os relacionados com questões humanitárias – de modo geral, emigrantes perseguidos por divergência política, étnica ou religiosa. A crise mundial de 2008 apenas incrementou o posicionamento pragmático. À guisa de exemplo, observe-se a perspectiva de crescimento eleitoral da extrema-direita na França, através da Frente Nacional, tendo por um dos lastros a oposição à presença de estrangeiros.
 
Assim, imagens da chegada precária de norte-africanos a portos italianos não sensibilizam mais a sociedade, agastada sobremodo com seus próprios problemas – desemprego crescente, tempo maior de contribuição para aposentadoria, piora do sistema de saúde, desilusão com o sistema político, entre outros aspectos.
 
Apesar da retórica a favor da transformação sócio-política, Washington e Bruxelas não aspiram a modificações profundas naquela área: na prática, tolerar-se-iam as substituições de dirigentes, desde que a modernização política efetivada por eles seja superficial – o espectro da Revolução Iraniana, de 1979, ainda assombra a elite norte-americana.
 
Democracia e direitos humanos incorporam-se ao discurso de forma definitiva, porém ambos serão tratados no dia-a-dia sem ênfase alguma. Assim, a travessia do deserto nunca se completa, visto que se aceita somente uma lenta evolução rumo a uma melhora social.
 
Ainda que o recurso ao estado de sítio seja posto de lado e a adoção de um Judiciário formalmente independente se instituam, o autoritarismo deve prevalecer, uma vez que o poder real continuará concentrado em duas burocracias do Executivo: forças armadas e agência de espionagem/inteligência, esta normalmente vinculada diretamente ao presidente ou ao primeiro-ministro.
 
Embora as primeiras tenham mais prestígio, por conta de sua participação no período de independência na região, as forças policiais secretas adquiriram com o tempo enorme poder e contatos mais próximos com os civis. Todavia, é comum a escolha de oficiais do generalato para comandá-las, de sorte que ambas as instituições imbricam-se.
 
Na economia, há a vontade ocidental de alteração deveras, ao pregar-se a adoção incontinente do neoliberalismo, a despeito de seu inteiro malogro no globo, reconhecido de maneira velada até por organizações como Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional. Eis o atual paradoxo das elites norte-africanas e médio-orientais:
 
O perfilhamento econômico imediato das diretrizes ultraliberais pode significar um lento calvário no poder e, por conseguinte, sua queda, a partir do descontentamento inexorável da sociedade local. Por outro lado, sua recusa em aceitá-las pode desencadear forte pressão também por sua saída, porém advinda dos países euro-americanos e, em menor escala, de corporações multinacionais e até mesmo de organismos internacionais.
 
Copyright by: Virgílio Arraes é doutor em História das Relações Internacionais pela Universidade de Brasília e professor colaborador do Instituto de Relações Internacionais da mesma instituição.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

OS BABY-BOOMERS DO IFPB e o Fantástico exército de Brancaleone

PREZADO JOÃO BATISTA E JOABSON:
FIZ ALGUNS COMENTÁRIOS SOBRE O TEXTO ESCRITO PELO FILIPE E DIVULGADO NA NET. ENTÃO, COMO CITEI VOCÊS DOIS, PENSO QUE É MEU DEVER ENVIAR PARA O CONHECIMENTO DE VOCÊS. COISA DE SERTANEJO LÁ DE QUIXABA, ENTENDE?
NÃO PRECISA RESPONDER. O TEXTO É PARA FILIPE.
SEGUE TAMBÉM COM CÓPIA PARA MEUS COLEGAS DA CCHT (TAMBÉM CITADOS).
Prezado Filipe, abraço fraterno!


Pensei muito se comentava o seu texto. Na verdade, não tenho certeza se estou fazendo o certo. Estou vivendo uma fase muito pessimista sobre nossa Instituição. E o pior, algumas pessoas entendem que eu não tenho o direito de falar. Então, sempre que falo alguma coisa, aparecem, invariavelmente, alguns iluminados para lembrar-me que eu fiz parte desta gestão. Na verdade, jogam na minha “cara”, como se eu ainda estivesse “Chefe de Gabinete”. Ninguém lembra que eu deixei o cargo na metade do primeiro mandato do atual Reitor. Então falo, recebo pancadas, como se eu estivesse condenado (eternamente condenado) pela minha passagem pela gestão. Mas, vamos lá; máximo que pode acontecer é ser novamente agredido (por e-mail, claro!).


1 – Parabéns pelo texto. Diante de tanto silêncio, você provoca nossa comunidade (no sentido pedagógico da expressão) no sentido de fazer algumas reflexões. De modo que sua atitude é construtiva, digna de aplausos;


2 – Seu texto é bom, provocativo, sugestivo. Apesar de usar uma expressão antiga (baby-boomers) você discute questões atuais;


3 – Fico muito feliz em saber que os novos servidores estão chegando “com muita garra e disposição nas áreas pedagógica, administrativo-financeira, recursos humanos, dentre outras” (palavras do seu texto). Não tenho dúvidas da veracidade da expressão. Ainda mais quando ditas por você. E espero que o IFPB seja capaz de aproveitar o potencial dos colegas que estão chegando;


4 – No entanto, seu texto também contém passagens problemáticas. Por exemplo: “Se cada servidor do IFPB agisse com o mesmo espírito dos novatos e o desprendimento do reitor, todos estariam bem melhor na fita enquanto educador e instituição de ensino” (palavras do seu texto). Ainda que em seguida você se esforce para estabelecer um tom mais suave: “Não compreenda que este artigo enaltece a chegada dos novos colegas em detrimento dos antigos servidores. Pois, nesta casa de ensino existem veteranos que agem como se tivessem ingressado ontem no IFPB.” Ainda assim, você mantém-se num nível bastante superficial de avaliação. Se temos problemas com alguns servidores (baixa produtividade, pouco empenho, pouco desprendimento...) isto, certamente, tem também algumas explicações.


Pergunto ao caro colega:


a)      temos na Instituição uma política de incentivo, de estímulo, de valorização do servidor? Falo de política como projeto consistente, favor não confundir com distribuição de um chocolate no dia das mulheres ou de um jantar no dia do servidor;

b)      temos uma política de incentivo aos projetos institucionais pensados pelos profissionais? Veja um exemplo: no ano do Centenário (eu e alguns colegas) decidimos pelo lançamento de um projeto que deveria ser transformado em livro. Temos entrevistas, depoimentos, fotografias... Qual o incentivo da Instituição? NENHUM. No mesmo ano realizamos um Seminário (outubro de 2009) sobre os “Cem anos da Instituição”. Além da falta de estímulo por parte dos gestores, nem mesmo o pró-labore dos dois convidados de outras Instituições foi pago. Você sabia? Passei inclusive por situação constrangedora na UFPB diante da cobrança de um Professor que participou do Seminário...

c)      E o Projeto de criação do Núcleo de Documentação e Pesquisa da Educação Profissional? Um projeto importante, para cuidar da memória da Instituição. Você sabe como anda? Parado. Você conhece algum gestor na Instituição preocupado com memória da Instituição? Outro dia, depois de muito esforço, encontrei cópia (na Biblioteca Nacional no Rio) de um documento raro escrito pelo Coriolano de Medeiros em 1922. Um fragmento da história da Escola de Aprendizes. (ôpa!, será que eu sou um... como é mesmo nome? Baby-boomer... rs, rs, rs...). Alô, atenção, tem algum novato (seria tão bom!) preocupado com memória, com história, com passado, papel velho, fotografias que estão sendo consumidas pelas traças lá arquivo? Se não fosse o Mardônio (seria este também outro baby-boomer???) tudo já teria sido consumido pelos tisanuros, roedores de papel.

d)     E a sala de aula meu prezado Jornalista? Você já esteve em alguma sala? Não precisa, eu vou fazer uma descrição pra você: são quentes, sem estrutura, ventiladores barulhentos (algumas sem ventiladores), turmas grandes, falta de controle adequado nos corredores gerando indisciplina, etc., etc. O ensino, de modo geral é muito mal cuidado. E ninguém faz nada. Você como bom jornalista, poderia pautar sua equipe para conversar com os professores sobre suas dificuldades. Faça isto. Você vai perceber como temos professores esforçados, responsáveis (apesar de alguns já “velhinhos”). Sabe de uma coisa Filipe, você tem razão: nós temos muitos baby-boomers entre nós. Entrar numa sala e ministrar uma aula em condições adversas equivale ao despreendimento de viajar para Princesa Isabel sem diária... É duro!

e)      Vamos falar sobre ambiente de estudo? Temos? Não. Recentemente foram construídos alguns - o bloco novo, perto do Refeitório - , você já esteve lá? Foram todos os espaços rapidamente ocupados. Você sabe quantos foram oferecidos aos Professores de Ciências Humanas? Nenhum. Aliás, acho que tem Professor da CCHT que ainda não sabe dos tais Gabinetes de Trabalho (todos equipados), já devidamente com nomes dos docentes nas portas. Ah, alguém vai dizer: “o bloco que você fala pertence ao Curso de Sistema de Telecomunicações”. Foi isto o que disse o Diretor do Campus, seguido da frase: “não tenho nada com isso”. Então pergunto: mas, nós professores e professoras das Ciências Humanas ministramos aulas em todos os cursos; todos, repito! Então, somos ou não também do Curso de Sistema de Telecomunicações??? (não, não somos!!!).

f)       Vamos falar sobre democracia interna? Ninguém fala mais em Eleições para os Departamentos? Fizemos uma única vez. Agora, parece que estão querendo que todos esqueçam. Vamos ou não fazer eleições? Inclusive é preciso ampliar os Departamentos, você não acha? Veja meu prezado Filipe, isto (democracia interna) é uma das formas de estimular os mais antigos, entendeu?

g)      Na verdade meu prezado Filipe, o problema é maior. Você sabia que nossos memorandos (da CCHT) sequer são respondidos pela atual gestão? Eu não tenho dúvidas: trabalhamos em uma Instituição que muito pouco se preocupa com os professores e o ensino das Ciências Humanas.

No mais querido colega, parabéns pelas suas reflexões. Você é um profissional por quem tenho muito respeito e admiração. Seu texto é um serviço ao IFPB.


Ah, antes que esqueça! Eu conheço muita gente nova com cabeça velha e também muita gente velha com cabeça nova. O mundo é mesmo contraditório...


Aos novatos (da era digital) meu abraço fraterno (por e-mail), mas ainda assim muito fraterno. Infelizmente conheci poucos. Trabalhamos em uma Instituição sem identificação (crachá). Então, nunca sabemos quem é quem. E eu nem quero falar aqui da falta de segurança...

Para você Filipe, paz e saúde!


Candeia (sempre pensando e repensando e mudando suas ideias... acordo verde e vou dormir amarelo, entendeu?)


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LUCIANO CANDEIA
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